Após Nobel da Paz a María Corina, Maduro fecha embaixada da Venezuela na Noruega

Três dias após prêmio à opositora, governo venezuelano anuncia fechamento de representações diplomáticas sob alegação de reestruturação
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou nesta segunda-feira (13) o fechamento da embaixada venezuelana em Oslo, na Noruega, três dias após a líder opositora María Corina Machado ser laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2025. O governo alegou que a decisão faz parte de uma reestruturação estratégica da política externa do país.
Em comunicado oficial, o chanceler Yván Gil afirmou que o objetivo da medida é otimizar recursos do Estado e fortalecer alianças com o Sul Global. Além da sede em Oslo, a Venezuela também anunciou o fechamento da embaixada na Austrália, enquanto novas representações serão abertas no Zimbábue e em Burkina Faso.
O texto do governo, no entanto, não cita o Nobel da Paz, entregue na última sexta-feira (10) a Corina Machado, reconhecida por sua luta pela redemocratização da Venezuela. Desde o anúncio da premiação, nenhum líder chavista havia se manifestado oficialmente, mas no domingo (12), durante discurso em homenagem ao Dia da Resistência Indígena, Maduro se referiu indiretamente à opositora como uma “bruxa demoníaca de La Sayona”, expressão inspirada em uma lenda popular latino-americana.
O Ministério das Relações Exteriores da Noruega confirmou o fechamento da embaixada. “Recebemos informações da embaixada venezuelana sem qualquer justificativa. Embora existam divergências, a Noruega pretende manter um diálogo aberto com a Venezuela”, disse Cecilie Roang, porta-voz da chancelaria norueguesa.
María Corina e o Nobel da Paz
O Comitê Norueguês do Nobel destacou que María Corina Machado foi escolhida “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos e por sua luta pela transição pacífica da ditadura à democracia na Venezuela”. O texto ainda a descreve como uma figura unificadora de uma oposição antes fragmentada, que se organizou em torno da demanda por eleições livres.
Impedida pela Justiça venezuelana de disputar as eleições presidenciais de 2024, Corina vive atualmente na clandestinidade, após denunciar fraudes na reeleição de Maduro.
Reação dos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump demonstrou insatisfação com o resultado do Nobel. O republicano, que era um dos indicados ao prêmio por mediar o cessar-fogo em Gaza, não foi contemplado. Em publicação na rede X, o diretor de Comunicação da Casa Branca, Steve Chueng, afirmou que “o comitê do Nobel mostrou mais uma vez que prefere a política à paz”.
Mesmo assim, Corina mencionou Trump em seu discurso de agradecimento, reconhecendo o papel do ex-presidente ao enviar navios e caças ao Caribe no combate ao narcotráfico.