Hacker afirma que Bolsonaro perguntou se ele conseguia invadir urnas eletrônicas
Delator afirmou que “isso não foi adiante, pois o acesso dado pelo TSE foi apenas na sede do tribunal” e Delgatti não poderia ir lá
Preso preventivamente nesta quarta-feira (2), o hacker conhecido como “Hacker da Vaza Jato”, Walter Delgatti, trouxe à tona uma tentativa de invasão a urnas eletrônicas por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso, conhecido como Operação 3FA, também envolve a deputada federal Carla Zambelli, e investiga suspeitas de invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Nesta manhã, a Polícia Federal (PF) realizou uma operação que resultou na prisão preventiva de Walter Delgatti, popularmente conhecido como “Vermelho” ou “Hacker da Vaza Jato”. O motivo da prisão foi revelado pelo próprio Delgatti: ele afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria questionado se o hacker poderia invadir urnas eletrônicas, mas a ideia não foi adiante.
Segundo as declarações do delator, a reunião entre Walter Delgatti e Jair Bolsonaro aconteceu no Palácio do Planalto, intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que também está sendo alvo da operação deflagrada pela PF. A força-tarefa investiga o envolvimento de suspeitos na invasão aos sistemas do CNJ e a inserção de documentos falsos no BNMP.
O foco principal da investigação é a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça, cujo processo tramitou na Justiça Federal, mas teve sua competência transferida para o Supremo Tribunal Federal (STF) após surgirem indícios de envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro privilegiado. As ações criminosas ocorreram entre 4 e 6 de janeiro de 2023 e incluíram a inserção de 11 alvarás de soltura falsos para diversos presos, bem como um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
As invasões aos sistemas foram realizadas por meio de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, o que permitiu que os criminosos tivessem controle remoto sobre as informações. Os delitos investigados incluem invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O nome dado à operação, “3FA”, faz referência à autenticação de dois fatores (2FA), um protocolo de segurança para gerenciamento de identidade, que exige duas formas de identificação para acessar dados. Neste caso, a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e o Poder Judiciário uniram forças para combater as ações criminosas dos envolvidos.
A decisão de Moraes autorizou:
- A adoção de todas as medidas necessárias para verificar a existência de eventuais cômodos secretos ou salas reservadas em quaisquer dos endereços investigados;
- Cópias ou apreensão dos registros de controle de ingresso nos endereços listados, caso existam;
- Busca e apreensão em veículos automotores eventualmente encontrados nos endereços e nos armários de garagem, quando as circunstâncias fáticas indicarem que o investigado faz uso desses veículos, ainda que não estejam registrados em nome dele;
- Acesso ao conteúdo e análise de dados, arquivos eletrônicos, mensagens eletrônicas e e-mails armazenados em eventuais computadores, servidores, redes, inclusive serviços digitais de armazenamento “em nuvem” ou em dispositivos eletrônicos de qualquer natureza, por meio de quaisquer serviços usados — inclusive celulares encontrados —, bem assim para a apreensão, se necessário for, dos dispositivos de bancos de dados, DVDs, CDs ou discos rígidos;
- Acesso e análise do conteúdo dos computadores e demais dispositivos no local das buscas e de arquivos eletrônicos apreendidos, mesmo relativo a comunicações eventualmente registradas, inclusive dados armazenados “em nuvem”;
- Apreensão de dinheiro e bens (joias, veículos, obras de arte e outros objetos) em valores superiores a R$ 10 mil, desde que não comprovada cabalmente, no local dos fatos, a origem lícita.
Nome da operação
O nome da operação — 3FA — faz referência à autenticação de dois fatores (2FA), protocolo de segurança para gerenciamento de identidade, com exigência de duas formas de identificação para se ter acesso a dados.
No caso dos investigados, a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e o Poder Judiciário atuaram contra a ação dos criminosos.