Ipea propõe imposto sobre super-ricos para financiar dívidas climáticas
Estudo sugere taxar grandes fortunas e multinacionais para apoiar países mais pobres e enfrentar a crise climática

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) propõe a criação de um imposto sobre os super-ricos e a implementação de um imposto corporativo mínimo global para financiar o pagamento das chamadas “dívidas climáticas”. A proposta prevê que os recursos arrecadados sejam destinados principalmente a países de baixa renda e populações vulneráveis, mais afetadas pelos impactos das mudanças climáticas.
Elaborado pelo pesquisador Rodrigo Fracalossi, o estudo “Operacionalizando a justiça climática: uma proposta para quantificar e reparar dívidas climáticas” usa a abordagem de igualdade per capita (EPC), que calcula o quanto cada país ultrapassou sua “cota justa” de emissões de carbono desde 1990.
De acordo com o levantamento, os Estados Unidos são o país com maior dívida climática, equivalente a US$ 47,9 trilhões, ou 326% do limite de emissões que lhes caberia. O Brasil, considerando o desmatamento, teria ultrapassado em 168% sua cota de carbono.
Para financiar as reparações, o estudo propõe:
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Um imposto anual de 2% sobre grandes fortunas, capaz de gerar até US$ 390 bilhões por ano;
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Um imposto corporativo mínimo global de 15%, em linha com as diretrizes da OCDE e do G20, que poderia adicionar mais US$ 192 bilhões à arrecadação anual.
Fracalossi destaca que a transição climática deve ser financiada de forma justa, “cobrando mais de quem mais se beneficiou e continua se beneficiando de economias baseadas em carbono”. Os recursos, segundo ele, poderiam ser aplicados em projetos de energias renováveis, reflorestamento, adaptação climática e diversificação agrícola.
O pesquisador reforça, ainda, que mecanismos de mercado, como créditos de carbono, são complementares, mas insuficientes. “A justiça climática não virá apenas dos mercados. É preciso ação governamental e redistribuição de recursos”, conclui.
Com informações da Agência Brasil