Quando um homem se cansa

Um homem de verdade não desiste fácil. Ele aguenta firme, engole seco, respira fundo e tenta mais uma vez — mesmo quando tudo dentro dele grita por abandono. Ele pede, explica, insiste. Tenta o diálogo, tenta o silêncio. Vai cedendo espaços, abrindo mão de orgulhos, tentando manter o que tem de mais sagrado: o amor que jurou cultivar.
Mas até o mais forte dos homens tem seu limite. E quando um homem se cansa… ah, quando um homem se cansa, não é porque não ama mais. É porque já tentou de todos os jeitos possíveis.
Cansa de repetir as mesmas solicitações, de apontar com cuidado o que fere, o que desgasta, o que machuca. Cansa de ver que é ouvido por instantes — como se houvesse concordância — apenas para perceber, dias depois, que tudo voltou ao ponto inicial. A mesma ferida, o mesmo descaso, o mesmo ciclo.
Cansa de tentar construir um lar e ver o alicerce sendo minado por vaidades. Cansa de sonhar a dois e perceber que está sozinho, falando de futuro com quem só enxerga o agora. Ele sabe que amor é obra. Tijolinho por tijolinho. E ele se esforça para levantar cada parede, cada pilar. Mas ninguém constrói uma casa com alguém que, enquanto ele assenta tijolos, vai tirando um a um pelas costas.
E o amor não desaba de uma vez. Ele se desfaz no silêncio de noites mal dormidas, em mensagens não respondidas com sinceridade, em palavras ditas para multidões e não para quem importa. Cansa ver a parceira, que um dia era abrigo, expor-se para os olhos de outros, como se a validação alheia fosse mais importante que o respeito mútuo. E ali, no meio de sorrisos e curtidas, ele vai se sentindo cada vez mais invisível.
Um homem de verdade quer ser escutado. Quer dividir planos, erros, acertos. Quer encontrar no olhar da mulher que escolheu o mesmo desejo de construir — e não de colecionar aplausos. Porque quando ele ama, ele planta raízes. E só desiste quando percebe que está regando um solo onde nada mais floresce.
Quando um homem se cansa, ele não grita. Ele vai embora em silêncio, com o coração apertado, mas com a consciência limpa. Porque ele sabe que tentou até o último segundo.
E quem o perde… um dia entende. Mas aí já é tarde.
*Luiz Carlos da Cruz é jornalista em Cascavel (PR)