Justiça bloqueia Porsche de R$ 945 mil de empresário ligado à ex-nora de Lula

Dono da Life Tecnologia Educacional, André Mariano teve veículos sequestrados pela Justiça Federal; PF apura superfaturamento e lobby no MEC e no FNDE
A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens do empresário André Mariano Gonçalves no âmbito da Operação Coffee Break, deflagrada no dia 12. Entre os veículos sequestrados estão um Porsche 911 Carrera S avaliado em R$ 945 mil, duas BMW (X4 xDrive 30i e X3 xDrive 30e) e dois Hyundai HB20, somando quase R$ 2 milhões. O Porsche está em nome do empresário; os demais, em nome da Life Tecnologia Educacional.
A investigação apura superfaturamento em contratos da Life com prefeituras do interior de São Paulo, custeados ao menos em parte por verbas federais, e a prática de tráfico de influência junto ao Ministério da Educação e ao FNDE. Segundo a Polícia Federal, a empresa elevou seu capital social em mais de 100 vezes entre maio de 2022 e meados de 2024, período em que teria faturado R$ 111 milhões vendendo material escolar e livros sem estrutura compatível.
A Coffee Break cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e prendeu cinco pessoas, entre elas o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB). As diligências ocorreram também nos endereços de Carla Ariane Trindade e Kalil Bittar, descritos na decisão da 1ª Vara Federal de Campinas (SP) como pessoas com “alegada influência no governo federal”. Carla foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente, e Kalil foi sócio de Luís Cláudio Lula da Silva.
Os investigadores apontam ainda a suposta “doação” de uma BMW 540i por André Mariano a Kalil Bittar como parte de serviços de lobby em Brasília. O carro teria sido adquirido em nome da Life, usado desde 2023 e, depois, alvo de tentativa de transferência para empresa de Kalil. Atualmente, o veículo está registrado em nome de uma companhia da Bahia.
Os contratos sob análise envolvem as prefeituras de Sumaré, Hortolândia, Morungaba e Limeira. A PF sustenta que parte dos pagamentos públicos pode ter sido escoada por empresas interpostas. A defesa dos envolvidos não se manifestou até o fechamento desta matéria.