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“Bolota de carne” e superlotação: as queixas de presos na ala que pode receber Bolsonaro

Relatório da Defensoria do DF aponta comida de baixa qualidade, celas com idosos dormindo no chão e apenas dois servidores da Saúde para 3,2 mil detentos no CIR da Papuda

Presos do Bloco 5 do Centro de Internamento e Reeducação da Papuda relataram à Defensoria Pública do Distrito Federal problemas na alimentação e nas condições de custódia. O termo “bolota de carne” foi usado repetidamente para descrever uma preparação servida com frequência e alvo de críticas por sabor, consistência, oleosidade e aparência. A unidade é uma das cotadas para receber o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses em regime inicial fechado.

O relatório resulta de inspeção feita em 6 de novembro e divulgado no dia 13. Segundo a Defensoria, houve reclamações unânimes sobre a alimentação, tanto a regular quanto as dietas especiais. As queixas repetem pontos já registrados em visita de novembro de 2024, indicando persistência dos problemas.

A equipe também verificou superlotação e falta de estrutura mínima. Na ala A do Bloco 5, destinada a idosos, há 38 pessoas por cela e apenas 21 camas. Muitos dormem no chão, em colchões finos, ou em redes. Um idoso fraturou a perna após cair de uma rede. A ventilação cruzada é ausente, o que intensifica o abafamento. Faltam itens básicos de higiene, como barbeadores, creolina e água sanitária. Para todo o CIR, com 3.296 detentos, existem apenas dois servidores da Secretaria de Saúde do DF, número classificado como insuficiente.

A Defensoria conclui que o setor não tem condições de abrigar pessoas com 60 anos ou mais. O documento também registra demora no atendimento médico e ausência de consultas com especialista em proctologia para presos com comorbidades.

Recomendações principais

  • Fixar teto de lotação compatível com a capacidade física e funcional do presídio

  • Realizar mutirão de saúde, priorizando pessoas com deficiência e com 80 anos ou mais

  • Reforçar o quadro de servidores, especialmente policiais penais e profissionais de saúde

  • Ampliar a equipe médica e multiprofissional com atenção contínua a doentes crônicos, pessoas com comorbidades, deficiência e idosos

  • Fazer controle sanitário periódico e substituir produtos que não atendam padrões de qualidade e segurança alimentar

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