Miserável homem que sou
Sou uma daquelas pessoas com temperamento fleumático, quase nada me irrita, nem mesmo um pneu furado logo pela manhã na hora de sair para o trabalho. Calmamente peguei o macaco e a chave de roda, mas quando estava retirando o pneu reserva desisti da ideia de fazer a troca.
– Por que não aproveitar o dia ensolarado e fazer uma caminhada até o trabalho, amanhã eu troco – pensei comigo.
Lentamente guardei os materiais e desisti da troca. Uma longa caminhada me aguardava. Caminhar me faz um bem sem tamanho e eu costumo aproveitar o tempo para algumas reflexões.
E foi numa destas reflexões que no meio do caminho encontrei dois garis que varriam a rua alegremente conversando entre eles. Ambos me olharam sorrindo, mas perdido em meio aos meus pensamentos acabei por nem os cumprimentar.
Uma quadra à frente um cãozinho lindo veio ao meu encontro balançando o rabo e pedindo atenção. Como sou apaixonado por animais, principalmente cães, não hesitei em passar a mão no amiguinho em resposta ao seu cumprimento alegre.
Quando fiz isso, parece que um Espírito tocou o meu espírito numa repreensão descomunal.
– Miserável homem que sou – balbuciei comigo.
Pensei comigo: – animais são divinos, criados conforme a palavra de Deus, mas o homem, esse foi criado pelas próprias mãos de Deus.
Passei por dois homens que alegremente estavam sorrindo trabalhando e nem ao menos os cumprimentei. No entanto, parei para acariciar um cãozinho.
Precisamos cuidar e amar os animais, mas, sobretudo demonstrar nosso amor com as pessoas ou, neste caso, pelo menos corresponder a um alegre sorriso. Precisamos rever nossa forma de amar o próximo.