OPINIÃO

Miserável homem que sou

Luiz Carlos da Cruz é jornalista

Sou uma daquelas pessoas com temperamento fleumático, quase nada me irrita, nem mesmo um pneu furado logo pela manhã na hora de sair para o trabalho. Calmamente peguei o macaco e a chave de roda, mas quando estava retirando o pneu reserva desisti da ideia de fazer a troca.

– Por que não aproveitar o dia ensolarado e fazer uma caminhada até o trabalho, amanhã eu troco – pensei comigo.

Lentamente guardei os materiais e desisti da troca. Uma longa caminhada me aguardava. Caminhar me faz um bem sem tamanho e eu costumo aproveitar o tempo para algumas reflexões.

E foi numa destas reflexões que no meio do caminho encontrei dois garis que varriam a rua alegremente conversando entre eles. Ambos me olharam sorrindo, mas perdido em meio aos meus pensamentos acabei por nem os cumprimentar.

Uma quadra à frente um cãozinho lindo veio ao meu encontro balançando o rabo e pedindo atenção. Como sou apaixonado por animais, principalmente cães, não hesitei em passar a mão no amiguinho em resposta ao seu cumprimento alegre.

Quando fiz isso, parece que um Espírito tocou o meu espírito numa repreensão descomunal.

– Miserável homem que sou – balbuciei comigo.

Pensei comigo: – animais são divinos, criados conforme a palavra de Deus, mas o homem, esse foi criado pelas próprias mãos de Deus.

Passei por dois homens que alegremente estavam sorrindo trabalhando e nem ao menos os cumprimentei. No entanto, parei para acariciar um cãozinho.

Precisamos cuidar e amar os animais, mas, sobretudo demonstrar nosso amor com as pessoas ou, neste caso, pelo menos corresponder a um alegre sorriso. Precisamos rever nossa forma de amar o próximo.

 

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