Morto em prisão de Israel, brasileiro passou fome e ficou desidratado

Até o momento, o corpo de Ahmad não foi devolvido à família
O relatório da autópsia de Walid Khalid Abdullah Ahmad, um jovem brasileiro de 17 anos, revela que ele enfrentou fome e desnutrição enquanto estava preso no centro de detenção de Megido, em Israel. O documento, divulgado no último dia 3 de abril, foi obtido pela organização internacional Defesa para Crianças Internacional (DCI), que atua na promoção e proteção dos direitos das crianças.
Condições precárias e suspeita de maus-tratos
De acordo com o laudo médico, Ahmad provavelmente faleceu devido a uma combinação de fome, desidratação causada por diarreia induzida por colite e complicações infecciosas. Além disso, o jovem apresentava sinais de erupções provocadas por sarna nas pernas e virilha, além de escoriações no nariz, tórax e quadril. Exames também apontaram a presença de edema e congestão no intestino grosso, o que pode ter sido resultado de espancamentos sofridos na prisão de Megido, considerada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como a “prisão mais perigosa do mundo”.
O laudo, conduzido pelo Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv, também identificou um corte no pescoço do adolescente. Relatos indicam que Ahmad foi atendido em uma unidade médica da prisão israelense duas vezes somente em 2025, ambas em fevereiro.
Controvérsias em torno da DCI e a situação do corpo
A organização Defesa para Crianças Internacional (DCI), que obteve o relatório, foi classificada pelo governo de Israel como uma organização terrorista em 2021, devido a supostos laços com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). No entanto, essa designação não é aceita por parte da comunidade internacional, incluindo países como Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Espanha e Suécia. O Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou a atitude israelense como um “ataque frontal” aos direitos humanos dos palestinos.
Até o momento, o corpo de Ahmad não foi devolvido à família, que vive na Cisjordânia ocupada, e as autoridades de Israel não se pronunciaram sobre o caso. O governo brasileiro também não respondeu aos questionamentos sobre a morte do jovem.
Repercussão e pedido de respostas
A morte de Walid Khalid Abdullah Ahmad levanta sérias questões sobre as condições de detenção e os direitos humanos de prisioneiros em Israel, especialmente adolescentes. Organizações de direitos humanos e entidades internacionais cobram um posicionamento oficial das autoridades israelenses e brasileiras sobre o caso.