Operação Serendipitia investiga crimes ligados a contrato público nos Portos do Paraná
Curitiba (PR) – A Polícia Federal deu início nesta quinta-feira (9) à Operação Serendipitia, com o objetivo de aprofundar a investigação de crimes relacionados a um contrato público nos Portos do Paraná. A ação envolve cerca de 30 policiais federais cumprindo 10 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de sequestro de bens nas cidades de Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), conforme determinado pela 14ª Vara Federal de Curitiba (PR). Além disso, contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados foram bloqueadas por determinação judicial.
O caso teve origem em 2021 durante a Operação Daemon, que investigava um esquema de pirâmide financeira no mercado de criptomoedas. Durante essa investigação, foram descobertas provas relacionadas a fraudes em um processo de recuperação judicial de empresas do grupo investigado, incluindo a manutenção de contabilidade paralela com o auxílio de um empresário de Curitiba envolvido em negócios portuários no Paraná.
O empresário, alvo da Operação Serendipitia, forneceu informações que indicavam a existência de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, beneficiando uma pessoa que ocupou a função de superintendente de uma empresa estatal responsável pelos Portos do Paraná de 2003 a 2008. Após autorização judicial para uso das provas obtidas na Operação Daemon, um novo inquérito foi instaurado.
As investigações revelaram que o empresário teria mantido oculto, entre 2009 e 2017, valores superiores a R$ 5 milhões em uma instituição financeira na Áustria, pertencentes ao ex-agente público. Esses valores foram posteriormente disponibilizados ao estelionatário condenado na Operação Daemon, que se apropriou ilegalmente deles. O empresário, pressionado por cobranças e ameaças, realizou operações financeiras para lavar o dinheiro e devolvê-lo ao ex-superintendente.
A lavagem de dinheiro envolveu familiares do ex-agente público, que em conjunto com o empresário realizaram operações ilegais de câmbio, movimentação de valores em espécie, depósitos fracionados e transferências bancárias com justificativas falsas.
Por meio de cooperação jurídica internacional, a Polícia Federal obteve provas de bancos da Áustria e dos Estados Unidos, que confirmaram a movimentação de valores ilícitos e a conexão com um contrato público de mais de R$ 30 milhões celebrado por uma empresa estrangeira com a estatal administradora dos portos.
As ações da Operação Serendipitia visam não só cessar as atividades de lavagem de dinheiro, mas também elucidar a participação de outros envolvidos nos crimes de corrupção ligados ao contrato público. A Justiça Federal determinou medidas para reparação dos danos causados à administração pública e ao sistema financeiro nacional.
O nome da operação, Serendipitia, faz referência ao fenômeno da serendipidade, que é a descoberta acidental de algo valioso não procurado inicialmente. Neste contexto jurídico, representa o encontro fortuito de provas relevantes durante uma investigação, mesmo que não estejam diretamente relacionadas à linha principal de apuração.