Praça Barão von Schneeburg em Brusque no século passado
A Praça Barão von Schneeburg foi inaugurada no ano de 1951 na cidade de Brusque, em Santa Catarina. Denominou-se Praça Salgado Filho até o ano de 1964, quando passou a ter seu nome atual em razão de pressão política por parte de militares. A história do nascimento desta praça registra vários acontecimentos sociais importantes, mas ostenta principalmente a vontade popular em se criar e manter este espaço público, local de passeio e descanso, a ser frequentado por crianças e adultos para as mais diversas atividades.
O monumento em homenagem ao Cônsul Carlos Renaux foi inaugurado com a praça em 1º de maio de 1951.
Karl Christian Renaux nasceu em Loerrach, no Grão Ducado de Baden localizado no sul da Alemanha, no ano de 1862. De uma família de classe média, tinha escolaridade equivalente ao atual ensino médio e treinamento como aprendiz no Banco Hipotecário de Loerrach.
Emigrou para o Brasil em 1882, com carta de recomendação do banco onde trabalhara. Empregou-se como caixeiro de uma casa comercial no Salto Weissbach, na zona oeste de Blumenau. Em 1890, foi nomeado pelo governo estadual, presidiu o Conselho Municipal. Foi escolhido para o cargo de Superintendente, Prefeito Municipal, em várias gestões. A proclamação da República deixara algumas figuras importantes da política em situação difícil, abrindo espaço para novas lideranças, habilitadas pela naturalização concedida pela nova Constituição. Como partidário de Lauro Müller e Felipe Schmidt, Carlos Renaux foi eleito para compor a Assembleia Constituinte de Santa Catarina, em 1891.
Carlos Renaux é um personagem ilustre da história da industrialização em Santa Catarina. Ele montou na cidade de Brusque uma das primeiras tecelagens do estado, que deu origem às Indústrias Renaux. Karl Christian Renaux, associado a Paul Hoepcke e Augusto Klappoth, com os tecelões poloneses e outros colaboradores, acionou em 11 de março de 1892 os primeiros teares da fábrica de tecidos pioneira em Brusque, a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux.
Na revolução federalista estava entre os legalistas, participando, inclusive, das lutas contra os revoltosos na capital. Em Blumenau foi preso e condenado à morte por fuzilamento, a mando do general Gumercindo Saraiva, um dos comandantes das tropas rebeldes (maragatos) durante a Revolução Federalista. Foi salvo pelo chefe do partido federalista blumenauense, Elesbão Pinto da Luz, que atuara em Brusque.
Na política local, Carlos Renaux suplantou em definitivo o seu principal adversário Guilherme Krieger, coronel comandante da Guarda Nacional em Brusque, nas eleições de 1914.
Em 1918, recebeu o título de cônsul honorário do Brasil em Arnhem, na Holanda. E a partir daí passou a ser chamado apenas pelo título. Entusiasta do progresso, o Cônsul criou a Fundação Cultural e Beneficente Cônsul Carlos Renaux para financiar projetos que trouxessem benefícios para a cidade de Brusque.
Dessa Fundação veio o dinheiro para que Rudolfo Stutzer montasse a oficina onde acabou sendo produzida a primeira geladeira brasileira. Guilherme Holderegger e Rudolfo Stutzer ao consertarem uma geladeira importada, desmontaram e estudaram cada pedacinho e partiram para o que na época era uma grande aventura: fabricar o primeiro refrigerador brasileiro. Junto com Wittich Freitag e com ajuda financeira do Cônsul Carlos Renaux, do qual Stutzer era motorista e amigo, o primeiro refrigerador foi chamado de CONSUL, em homenagem ao benfeitor.
Quando a oficina virou fábrica, em 1950 num pequeno galpão de 680 m2 na cidade de Joinville, a homenagem permaneceu e deu origem à Indústria de Refrigeração Consul. O primeiro refrigerador, chamado de Consul Júnior, que era a querosene e funcionava com resistência elétrica, logo se transformou num grande sucesso. Nos dados corporativos da empresa, consta como fundadores Carlos Renaux, Guilherme Holderegger, Rudolfo Stutzer e Wittich Freitag. O Cônsul faleceu no ano de 1945.
Fonte: Biblioteca IBGE