Prefeito chama população carente de “clientela” ao anunciar distribuição de ovos de Páscoa

Evento promete distribuir mais de 13 mil ovos de Páscoa no próximo sábado (12).
O prefeito de São Caetano do Sul, Tite Campanella (PL), está no centro de uma polêmica após se referir à população carente da cidade como “clientela” em vídeo divulgado nas redes sociais. A fala ocorreu durante o anúncio da “1ª Páscoa da Família”, evento que promete distribuir mais de 13 mil ovos de Páscoa no próximo sábado (12).
O vídeo foi publicado na última segunda-feira (7), após uma reunião do prefeito com voluntários que participarão da entrega dos kits. Além dos ovos de chocolate, o pacote inclui colombas pascais, caixas de bombons sortidos e bolsas térmicas personalizadas.
“Vamos estar distribuindo para nossa população, para essa clientela que a gente tem aqui de São Caetano do Sul”, afirmou o prefeito.
A declaração foi recebida com críticas nas redes sociais, onde internautas apontaram tom pejorativo e desrespeitoso na forma de se referir à população de baixa renda.
Suspeita de sobrepreço
A iniciativa também enfrenta questionamentos legais. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o custo total dos kits foi de R$ 2,9 milhões, enquanto o valor de mercado estimado seria de R$ 1,6 milhão. O promotor Goiaci Leandro Azevedo Júnior afirmou, em parecer, que o estudo comparativo de preços aponta para um possível sobrepreço na contratação.
Apesar do alerta, a Prefeitura informou que ainda não foi notificada oficialmente sobre o parecer do MPSP.
Além da distribuição de chocolates, o evento contará com o sorteio de eletrodomésticos, como geladeiras, televisores, notebooks e air fryers, que, segundo o prefeito, foram recebidos por meio de doações.
Críticas da população
A realização do evento ocorre em meio à redução do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade. Desde o início do mês, as UBSs – com exceção da unidade Maria Corbeta Segato – passaram a fechar às 17h, de segunda a sexta-feira. A medida gerou insatisfação entre os moradores.
“Baixa procura não, né? Baixa vontade de atender, porque por mais de uma vez fui à UBS após às 17h e fui sempre persuadida a voltar no dia seguinte”, reclamou uma cidadã em comentário na publicação oficial.
Outro morador alertou que a redução no atendimento deve sobrecarregar ainda mais o Pronto Socorro municipal, que já enfrenta grande fluxo.
A declaração do prefeito, somada à suspeita de irregularidades na compra dos kits e à insatisfação com a saúde pública, tem alimentado o debate sobre as prioridades da gestão municipal e o uso de recursos públicos em eventos pontuais de apelo popular.