PARANÁ HISTÓRICO

A bodega do seu Elias no distrito de São João D’Oeste em Cascavel

Na década de 60, São João do Oeste, um distrito de Cascavel, era um lugar que fervilhava de atividade e vida. As serrarias dominavam a paisagem econômica da região, e entre elas, a Serraria Sbaraini era uma das mais notórias. Mas além das serrarias, havia um ponto de encontro que se destacava no coração da comunidade: a bodega do Sr. Elias Bussi. Conhecida carinhosamente como “A Banca do Seu Elias”, essa bodega era um misto de armazém, bar, restaurante, e parada de ônibus, entre outras funções.

Essa foto, que agora pertence ao acervo de Xico Tebaldi, foi doada por Geneci Munhak e captura a essência dessa época vibrante. A construção que aparece atrás da família Tebaldi na imagem era a bodega, que ficava ao lado do Rio São João, frente ao bar e salão de Alvino Dolla e próximo à escola local. Um pouco mais acima, a ferraria de Julio (Julico) Muller e o moinho de Jacob Munhak marcavam outras presenças significativas no distrito.

O Sr. Elias não era apenas o proprietário; ele era uma figura polivalente que além de gerenciar o estabelecimento, ocasionalmente atuava como dentista e barbeiro, utilizando uma cadeira que servia para ambos os propósitos. Era conhecido por seu bom humor e por gostar de uma boa piada, contrastando com a seriedade de sua esposa, Emilia Tebaldi, conhecida como Tia Emilieta, que era uma cozinheira excepcional. Muitos motoristas de ônibus, incluindo o famoso Assis Gurgacz da empresa União Cascavel, assim como os passageiros, frequentemente paravam por lá para saborear as refeições caseiras preparadas por ela.

A bodega do Seu Elias era também um ponto de encontro popular ao final da tarde e nos fins de semana, onde as pessoas da região se reuniam para tomar um vinho ou a famosa “branquinha”. As bebidas variavam entre garrafas conhecidas como 600 da Oncinha, 3 Fazendas, Tatu e outras, além de garrafões de produtores locais.

Com o passar dos anos, no entanto, as mudanças vieram. A linha de ônibus foi interrompida, as serrarias fecharam uma a uma, e muitos moradores migraram para a cidade. A população do distrito caiu, e a bodega do Seu Elias, com suas muitas histórias e memórias, ficou apenas na saudade de quem conheceu aqueles tempos de efervescência e comunidade.

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