“Onças evitam humanos”: ataque fatal no Pantanal foge do padrão, alerta especialista
Especialista explica que comportamento da onça-pintada não inclui seres humanos como presa e reforça que ataques são raríssimos
A morte de Jorge Avalos, o “Jorginho”, de 60 anos, após o ataque de uma onça-pintada na última segunda-feira (21), na região do Touro Morto, Pantanal sul-mato-grossense, é considerada fora do padrão por especialistas em fauna silvestre.
De acordo com Leonardo Avelino Duarte, presidente da ONG Panthera Brasil, humanos não fazem parte da lista de presas naturais da onça-pintada. “Onças não frequentam áreas com presença humana. Elas evitam esse tipo de ambiente”, explicou Duarte ao Portal Cantagalo.
Segundo o especialista, a onça-pintada é uma caçadora de emboscada, preferindo presas como capivaras, jacarés, queixadas e cervos. “Seres humanos não estão na lista natural de presas desse animal. Evolutivamente, a onça habita o continente americano há cerca de 100 mil anos, enquanto o ser humano chegou por aqui há cerca de 10 mil. Essa diferença faz com que o ser humano seja encarado como uma ameaça, não como alimento”, destacou.
A principal suspeita é de que o animal estivesse habituado à presença humana, comportamento que pode ocorrer devido à prática da ceva — alimentação artificial feita por pessoas para atrair o animal, muitas vezes de maneira irresponsável. “Uma onça selvagem e que não foi cevada dificilmente se aproxima de construções humanas, especialmente de um deck”, reforça Duarte.
O comportamento da onça após o ataque, como arrastar a presa para um local protegido e cobri-la com folhas, faz parte do instinto da espécie, mas não indica risco contínuo para pessoas na região. “Ao contrário do tigre ou do leão, que evoluíram com humanos na Ásia e África, a onça não tem o ser humano na sua cadeia alimentar. Ataques são extremamente raros e só ocorrem em situações de extremo oportunismo ou fome”, afirma.
O episódio reacende o alerta para a importância de respeitar a vida selvagem e evitar qualquer aproximação ou alimentação de animais silvestres. “Lamentamos profundamente o ocorrido, mas é essencial lembrar que estamos falando de um animal selvagem. Toda interação com esses bichos exige cuidado e distância”, conclui Duarte.
Portal Cantagalo – Informação com responsabilidade
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