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Saiba quem é o enfermeiro que acompanhou o Papa nas últimas horas de vida

Marco Iacobucci/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Massimiliano Strappetti, profissional discreto e devoto, esteve ao lado de Francisco até o fim e foi quem recebeu seu último gesto de gratidão no domingo de Páscoa

No coração da Praça São Pedro, onde milhões de fiéis já se emocionaram com as palavras e gestos do Papa Francisco, o silêncio desta segunda-feira (21) ganhou um novo significado. Aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, o primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica, faleceu após sofrer um derrame cerebral seguido por uma parada cardiorrespiratória. Ao seu lado, nos momentos mais íntimos e derradeiros, estava uma figura que, embora desconhecida por muitos, foi peça fundamental em sua vida nos últimos anos: o enfermeiro Massimiliano Strappetti.

Um homem discreto, uma presença constante

Aos 56 anos, Strappetti representa a face silenciosa do cuidado e da dedicação. Com mais de três décadas de serviço no Vaticano, o enfermeiro italiano não era apenas um membro da equipe de saúde da Santa Sé — era o guardião cotidiano da saúde do pontífice, o confidente nos corredores do Palácio Apostólico, e, sobretudo, um amigo.

Casado, experiente e formado em uma das escolas de enfermagem mais prestigiadas da Itália, Massimiliano iniciou sua carreira no departamento de Reanimação do Hospital Policlínico Gemelli, em Roma, instituição que, por tradição, trata pontífices há décadas. Sua trajetória no Vaticano, porém, ganhou destaque quando, em 2021, foi elogiado publicamente por Francisco por ter insistido para que o papa se submetesse à cirurgia de diverticulite. “Ele salvou minha vida”, declarou o pontífice em uma entrevista descontraída naquele mesmo ano.

O reconhecimento veio em 2022, quando o Papa o nomeou seu assistente médico pessoal. Desde então, Strappetti esteve presente em todas as viagens, audiências e momentos de fragilidade incluindo os mais recentes, quando a saúde de Francisco começou a inspirar cuidados mais intensos.

O último gesto de gratidão

No domingo de Páscoa (20), apenas um dia antes de sua morte, Francisco pediu algo simbólico. Queria dar mais uma volta pelo Vaticano em seu papamóvel. Os registros mostram o sorriso leve do pontífice enquanto saudava os fiéis após a tradicional bênção “Urbi et Orbi”. O pedido, no entanto, não foi espontâneo: ele consultou Strappetti. “Você acha que eu consigo?”, perguntou. O enfermeiro, em tom sereno, respondeu que sim.

Naquela última volta, segundo relatos do Vaticano, o Papa Francisco fez um gesto de despedida ao enfermeiro. Ergueu a mão, sorriu e disse: “Obrigado por me trazer de volta à Praça”. Horas depois, já na madrugada da segunda-feira, por volta das 5h30 no horário local, começou a apresentar os primeiros sinais da doença súbita que o levaria ao coma e, posteriormente, à morte.

Mais que um enfermeiro: um servidor dos mais pobres

A atuação de Massimiliano Strappetti transcende os muros do Vaticano. Em Roma, ele também é conhecido por seu trabalho humanitário ao lado do cardeal Konrad Krajewski, o esmoleiro apostólico. Juntos, atendiam pessoas em situação de rua, oferecendo cuidados médicos básicos, acolhimento e dignidade à margem da cidade eterna.

Esse lado mais humano e comunitário do enfermeiro casava perfeitamente com a visão de Igreja promovida por Francisco — uma Igreja “em saída”, pobre para os pobres, como ele dizia. Não à toa, o papa via em Strappetti não apenas um profissional de saúde, mas alguém que comungava dos mesmos valores evangélicos.

A paixão pelo futebol e o laço silencioso

Assim como Francisco mantinha sua paixão pelo San Lorenzo, da Argentina, Strappetti também tinha sua devoção esportiva: a Lazio. Nas redes sociais, acompanhava o time, mas mantinha sempre o perfil discreto, evitando os holofotes, mesmo diante da visibilidade natural que sua função poderia trazer.

Talvez esse silêncio seja, agora, o eco mais respeitoso em meio à perda. O enfermeiro que acompanhou de perto as dores e os sorrisos do pontífice agora guarda o peso de ter sido uma das últimas presenças ao lado de um dos papas mais carismáticos e influentes do século XXI.

O adeus final

O funeral de Francisco está marcado para sábado (26), às 10h (horário de Roma), na Basílica de São Pedro. Líderes religiosos, chefes de Estado, representantes de diferentes credos e multidões de fiéis são esperados para uma despedida que deve entrar para a história.

Ao lado do caixão, certamente estará Massimiliano Strappetti — talvez sem ser notado pelas câmeras, como sempre preferiu — mas com a serenidade de quem, até o último instante, cumpriu o mais nobre dos deveres: cuidar, com amor e humildade, daquele que cuidou de tantos.

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