SAÚDE

Uso irresponsável do medicamento Ozempic levanta preocupações entre profissionais de saúde

Foto: Divulgação

A perda de peso rápida associada ao uso do medicamento Ozempic tem levado ao uso indiscriminado e não supervisionado da droga. Recentemente, no dia 19 de maio, a notícia de uma mulher de 29 anos internada em uma UTI devido a problemas hepáticos após fazer uso do medicamento reforçou o alerta da comunidade médica sobre os riscos desse tipo de automedicação.

O endocrinologista Adivaldo Vitor Barros de Oliveira Júnior explica que a obesidade é uma síndrome metabólica que está relacionada a diversas alterações corporais, e, portanto, a escolha do medicamento para combatê-la deve ser criteriosa. Uma avaliação clínica e laboratorial prévia é indispensável antes de iniciar o tratamento com qualquer medicamento. Pessoas obesas têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e diversos tipos de câncer. Além disso, elas também são propensas a apresentar pressão alta, níveis elevados de colesterol, glicose, triglicerídeos, ácido úrico e acúmulo de gordura no fígado. Portanto, é essencial conhecer o estado de saúde do paciente antes de prescrever qualquer medicamento, a fim de prever possíveis reações adversas, ressalta Oliveira Júnior.

No Brasil, o Ozempic está sendo comercializado sem retenção de receita médica, o que facilita o acesso da população ao medicamento. Em abril, houve até falta do remédio nas farmácias. A automedicação e o aumento da dosagem sem supervisão médica podem acarretar outros problemas graves.

“Esses medicamentos são eficazes porque tratam várias alterações metabólicas no organismo de pessoas com sobrepeso ou obesidade. No entanto, o tratamento da obesidade requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, preparadores físicos e a própria família. Não é apenas um medicamento que resolverá o problema. Um tratamento eficaz inclui mudanças nos hábitos alimentares e a prática regular de atividade física”, destaca o especialista.

A semaglutida, princípio ativo do Ozempic, simula a ação do hormônio GLP-1, que controla o apetite e regula os níveis de açúcar no sangue. Alguns efeitos colaterais relatados na literatura médica incluem náuseas, vômitos e, em casos de uso prolongado, até obstrução intestinal.

A bula do medicamento lista outros efeitos colaterais, como cálculos biliares, aumento das enzimas pancreáticas, dor e inchaço abdominal. Além disso, o medicamento pode causar hipoglicemia, manifestada por sintomas como sudorese fria, pele fria e pálida. Outros efeitos possíveis incluem dor de cabeça, taquicardia, alterações na visão, sonolência, fraqueza, nervosismo, ansiedade, confusão, dificuldade de concentração.

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